Sunday, January 29, 2006

dk ny


decay new york.

kafka


o covil.

janela indiscreta



aqui, as janelas esconderam-se atrás das cortinas.

Wednesday, January 25, 2006

1000 folhas


25 000 palavras. está tudo aqui.

Sunday, January 22, 2006

não


luto nacional

Monday, January 16, 2006

evolução



leão coração de dragão

Thursday, January 12, 2006

flores


aqui, ninguém se esqueceu.

Wednesday, January 11, 2006

públicos


nós de um lado, eles do outro.

Tuesday, January 10, 2006

baixa


em viana, este ano não havia árvores de natal.

Saturday, January 07, 2006

interrupção política

Isto de tão óbvio começa a chatear-me. Parece que estão a fazer de propósito para que eu tenha opinião política. Já lá vão alguns meses (muitos, muitos mesmo, penso até que anos) desde a última vez que me decidi a escrever um texto maior que a folha de um moleskine que não fosse sobre as palestras do mestrado ou que não fosse uma memória descritiva qualquer. Não há nada a fazer, o trabalho e a família, e já são dois filhos, para os mais distraídos dos meus leitores imaginários, tiram-me muito tempo e tiram-me também a disposição para perder tempo a escrever sem audiência em vez de me esparramar no sofá, feliz enquanto adormeço a ouvir o canal história lé muito ao longe. E o que é que me fez voltar a ter vontade de partilhar as minhas opiniões e reflexões com o monitor? As eleições. Presidenciais, ainda por cima, que são as menos importantes.

Deixa-me lá ver se ainda me lembro quem sou, politicamente. Ou de quem era, quando hibernei. Assumo-me como sendo de esquerda, no sentido, no único sentido em que esta afirmação pode ter. A crença na idéia de segurança social. Eu acho que cada um de nós tem obrigação de ajudar os desfavorecidos, entendendo que existem várias classes de desfavorecidos, merecendo uns mais ajuda que outros. Mas, não tendo nem temperamento nem jeito (nem às vezes disposição) para praticar a caridade espontânea, fico muito contente por haver uma maneira de se poder ajudar os outros sem embaraço, sem vergonha e de uma forma eficaz e justa. Esta é a definição teórica da ideia de impostos. A sociedade mobiliza de entre si alguns elementos encarregues de gerir o seu fundo de pensões, ficando encarregue de os repartir de uma forma eficaz e justa e, como bónus, tranquilizando-me com a minha consciência sempre que, por não poder, não querer ou não me apetecer, não der moedas ao arrumador. Se isto funciona ou não não é para aqui chamado. A idéia está certa e nada conseguirá fazer com que deixe de estar certa. Dizia eu então que o que separa ideológicamente a esquerda da direita é a noção de segurança social. Acreditando eu nessa idéia, isto faz de mim uma pessoa de esquerda. Em oposição a quê? À direita.

E o que é a direita? É bastante fácil definir a direita, tão fácil que até chateia. O difícil é entender as motivações pelas quais muitas pessoas são de direita. Já lá vamos. Definamos, então. A direita é a preservação do património, da propriedade e do rendimento. Apenas e tão só isso. A direita tem apenas como objectivo a obtenção de rendimentos elevados e a acumulaçao de património. Isento de tributação, preferencialmente. A direita é simples. Fala de coisas simples que toda a gente gostaria de ter. Fala de dinheiro, de dinheiro e de dinheiro. É uma coisa concreta, tangível, necessária, importante, nada ambígua e inquestionável. Toda a gente quer mais, toda a gente precisa de. Não se perde tempo com noções abstractas como solidariedade, segurança social, liberdades sociais, educação, cultura, etc e tal.Não dispersa os seus esforços na obtenção de objectivos pouco consensuais, pouco compreensíveis e nada lucrativos. Se analisarmos bem as pessoas que se assumem como sendo de direita (as esclarecidas e as que sabem o que estão a dizer) acabamos sempre por encontar alguns denominadores comuns. São pessoas com dinheiro e com poder, e que pretendem ter cada vez mais dinheiro e mais poder. São as pessoas que têm muito a perder e que se esforçam para ganhar. E, grande contradição, eu acho isso legítimo. Eu aceito que as pessoas queiram preservar os seus benefícios. Faz sentido. Faz sentido que os ricos queiram ser cada vez mais ricos e que queiram ser cada vez mais ricos. Agora o que temos é que ser honestos. Nada de mascarar isto com supostos ideais sociais, sejam eles pretensas ordens sociais, familiares ou religiosas. Isso são apenas subprodutos de sua busca pel riqueza e pelo poder. Tudo bem. Eu respeito a diferença e longe de mim querer que toda a gente pense como eu. Agora o que é para mim incompreensível é que as massas vão atrás desta cantiga. Que eu saiba, e por definição, as massas não têm massa. As maiorias não são ricas. São pobres, pouco instruidas e sem grandes armas para triunfar num mundo em que os ideias de direita imperem. A direita é egoísta. A direita pretende a preservação de um estado de diferença. Pretende ser rica e continuar a ser rica. Quem são os porta-vozes da direita? As classes mais favorecidas. As cúpulas empresariais, os funcionários superiores do estado, os banqueiros, os juízes, quase todos os médicos, enfim, os bem sucedidos. E ninguém acha isto estranho? Como é que se pode acrediatar que estas pessoas desejem o bem comum?

E o que é que isto tem a ver com as eleições presidenciais? Não deveria ter muito s ver, mas tem. Porque de repente, do fundo da desilusão por um país que não funciona, por um país que está pejado de injustiças, eis que surge uma unanimidade perigosa chamada cavaquismo. Habilmente explorada sempre pelas mesmas pessoas, esta desilusão está prestes a transformar-se numa escolha unanime de um presidente da república que, sem ser particularmente mau ou desonesto, está muito de longe de se vir a tornar um salvador para o país. Ou sequer de vir a ser útil. As premissas são simples. Cavaco Silva defende ideais puramente económicos, alicerçados num pseudo-rigor e numa pseudo-competeência que esteve longe de demonstrar quando foi primeiro ministro. Cavaco Silva defende o capital, não estando nada preocupado com a educação, a saúde para todos, a segurança social, etc. Combate o desemprego, mas apenas porque este é sinónimo de falta de produtividade do país, e esta falta de produtividade implica menores lucros para aqueles que detêm o poder na nossa economia.